quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

empate


Pois agora digo: como tua língua me pesa! Curioso: se há os dias de gente demais, gente e cadeiras nos separando em plena mesa redonda, tua língua de longe, sendo só saliva e tua, me pesa como se eu mesma não tivesse língua e, somente por isto,  desejasse a tua feito comida; se entramos em teu quarto vasto de não mobília, com vinhos que prometem, meu travesseiro do lado esquerdo da tua cama tão minha, tua língua me pesa porque me entra tanto, agride minha língua como se ela nada fosse, segue as cordas vocais e, tenho a impressão, se aloja pouco abaixo do pulmão, dizem que é lá que pulsa. Compreendes o nó? Tua língua distante, comendo, sendo pura língua, não me deixa em paz por estar não ocupada de mim.Tua língua em mim, braços, pescoço, pernas, mamilos e dentes, tua língua em mim me leva embora.

Pois agora digo: desejo que pegues um avião, mais um, e que tua língua ruína te leve embora.